segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

 “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que conduzem ao erro”. (Efésios 4:13, 14)
 
            A imaturidade é a marca dos cristãos da nossa atual geração. Os cristãos gostam de shows, mas, necessariamente, não são adoradores; gostam de reuniões de oração recheadas de manifestações exteriores (falar em línguas e cair quando se impõe as mãos), mas podem não gostar da oração silenciosa, da profunda comunhão com Deus; admiram o entusiasmo do pregador, mas nem sempre apreciam o conteúdo de uma mensagem mais “suculenta”; por analogia, são como crianças que gostam de biscoito, sorvete, lanches e bombons, mas rejeitam o almoço, as verduras, as frutas e a sopa revigorante.
            Querem conhecer a Bíblia, mas não se empenham a estudá-la disciplinadamente, até a leitura diária já é uma tarefa gigantesca! É bem verdade que ninguém precisa ser teólogo para amar a Deus, mas é bem verdade também que Deus não quer ver os seus filhos desnutridos, fracos e espiritualmente raquíticos.
            A freqüência à igreja é estimulada pela expectativa do que é que vai acontecer por lá, qual a programação, quem será o pregador, etc., quando a responsabilidade de ser adorador pode ser posta de lado. É irônico, mas quantos de nós vamos ao templo e esquecemos de adorar? Distraímo-nos com muitas coisas ao nosso redor: a decoração, o vestuários das pessoas, as crianças que “atrapalham a solenidade” (mas a nossa irritação interior, parece nunca atrapalhar!), comentamos sobre os trejeitos dos músicos, avaliamos as vozes dos cantores, até cantamos também, mas, será que adoramos!
            Gostamos de ouvir preleções de auto-ajuda e historinhas bestas que no dia seguinte não tem sentido nenhum. Gostamos de ouvir que somos poderosos, invencíveis e bem sucedidos, enquanto os vícios e os maus hábitos intimamente nos humilham, e o nosso pecado continua mascarado!
        Os pastores, que devem ser arautos do Rei Jesus, não mais pregam o que crêem, nem mais crêem no que pregam. Tornaram-se arautos da conveniência, transmissores de “verdades denominacionais”, profetas comprometidos com sistemas religiosos, animadores de palco. No geral estão representando “aquilo que deu certo e atraiu mais gente”, falam dos temas que o público quer ouvir. Denunciam os pecados dos “pequenos”, no entanto calam-se diante dos poderosos. Brigam com o Diabo, mas comportam-se como se fossem aliados seus. Tornam-se marqueteiros hiper-ativos do sagrado promovendo eventos e agitação para “vender” a sua imagem e seus produtos espirituais.
            Tudo isto acontece como conseqüência de uma fé infantil. O uso abusivo de jargões religiosos e declarações desesperadas de vitória, cura, milagre imediato, etc., apontam para a superficialidade do conhecimento pessoal das doutrinas bíblicas e denunciam um relacionamento periférico com Deus. São sintomas de quem está buscando se firmar em algo do qual não se tem muita certeza.
            Neste texto de sua carta aos cristãos de Éfeso, S. Paulo mostra qual é a finalidade, o alvo, do cristão que é o de chegar: “à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Mas, logo depois ele previne aos cristãos a não serem “como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que conduzem ao erro”. Ele aponta três obstáculos, tão patentes nos nossos dias quanto o foram nos seus:
·         “O frenesi dos cristãos” à busca de novidades, experiências e “adrenalinas espirituais” –“agitados de um lado para o outro”;
·      “Qualquer tipo de ensino que seja novidade e satisfaça a nossa curiosidade” – “levados ao redor por todo vento de doutrina”;
·         “A suscetibilidade aos ‘fogos de artifício’ e espertezas que substituem a verdade por práticas enganosas”- pela artimanha dos homens, pela astúcia com que conduzem ao erro”.
            Nenhum cristão, seja clero ou leigo, contaminado com estes três vírus comportamentais chegará a crescer e desenvolver a sua fé. É por isso que vemos uma multidão de “convertidos” entrar por uma porta e logo sair por outra; ou, vemos também, uma multidão de “desviados” e “órfãos”, sem abrigo espiritual sólido; ou, ainda, cristãos freqüentadores de suas igrejas, mas sem firmeza de caráter cristão, invertebrados – que nunca conseguem erguer-se e firmar-se na fé.
            “Te encontrar foi tão bom”! Diz o hino, mas foi apenas o início de uma jornada de crescimento. O encontro nos fez conhecer a graça, o perdão e a salvação em Cristo. A caminhada fortalecerá nossos músculos e ossos espirituais. Ser como Cristo, absorver o Seu caráter, é ainda muito melhor. A maturidade nos fará íntegros e irrepreensíveis. Se ainda não chegamos “à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” é porque ainda há muito que conhecer sobre Deus. Há ainda realidades espirituais fascinantes que podemos desfrutar em benefício pessoal e para benefício de outros. Os tesouros da sabedoria e do conhecimento de Deus são inesgotáveis e não estão tão escondidos assim. O mapa é a Escritura Sagrada, cabe a nós encontrar estas pedras preciosíssimas e de inestimado valor, que nos fará chegar mais perto do ponto de chegada. Foi bom nascer de novo, o melhor, porém, é crescer forte e saudável, ser como Cristo, viver bem perto do Pai em amor, unidade e santidade. O Espírito Santo conduzirá os que buscam esta maturidade cristã.
Rev. Miguel Cox

Nenhum comentário:

Postar um comentário